13/12/2014

My histórias: O meu primeiro Amor


       Conheci um belo garoto uma vez, um metro e oitenta de altura, pele clara, cabelo castanho escuro e um incrível sorriso. Não sei por que me lembrei dele agora. Talvez seja porque ele morreu na minha frente, ou porque ele foi meu primeiro grande amor.

...

Era mais um dia como quase todos os outros dias de guerra. No céu já havia começado a guerra, vários aviões adiante do nosso acampamento estavam em confronto.
Eu era só mais uma das enfermeiras do acampamento, cuidava de todos que estivessem com algum problema. Geralmente não gostava muito disso, “não gosto muito de guerra”. Mas tinha uma pessoa em especial que eu gostava muito de cuidar, “Leonard”, ele, além de muito belo, também era uma pessoa muito meiga.
— Olá — eu disse, avistando Leonard.
— Olá — respondeu ele.
— Tchau — eu disse, passando rápido do lado dele já com muita vergonha.
— Tchau.
Naquele dia eu tive que cuidar de vários feridos que vinham da guerra do dia anterior. Isso significava que no próximo dia eu iria provavelmente cuidar de Leonard, não que eu goste de vê-lo se machucando, mas é que às vezes eu torço para que ele se machuque um pouquinho para que tenha que vir até a ala de enfermagem.

...

Tinham se passado dois dias. Leonard era o único que ainda não tinha chegado da guerra, todos os outros que foram junto com ele voltaram, com exceção de dois que morreram. Mas isso naquele momento não importava para mim, eu queria saber de Leonard.
Já estava para se completar uma semana e nenhuma notícia sobre Leonard, até que um homem todo machucado e com o braço esquerdo amputado entrou no acampamento quase desmaiando. Fui correndo atender o homem, já que eu era a única que não estava cuidando de mais ninguém.
Quando estava chegando perto do homem, vi que era Leonard. Ele me contou que tinha sido preso pelos nazistas e quando estava fugindo cortaram seu braço fora com um tiro só, ele não sabia qual arma era, mas que era uma bem potente, era, arrancou o braço dele inteiro fora. Ele também falou que ficou dois diasà deriva com aquele braço todo cortado e que não sabia como ainda não tinha morrido.
Eu rapidamente o levei para o pronto-socorro feito para guerra, que não passava de uma tenda com macas e alguns objetos de medicina. Naquele momento eu consegui deixá-lo vivo por mais um tempo.
Já havia se passado um mês e nada, Leonard não estava aguentando mais andar. Mas naquela manhã ele acordou como se nada tivesse acontecido, parecia estar muito bem de novo. Leonard queria,porquequeria, ir para a guerra naquele dia. Eu tentei falar com o general, mas não adiantou nada, nós estávamos necessitando de qualquer um que pudesse pelo menos atirar com uma arma ou jogar uma granada.
Naquela manhã em que Leonard saiu de manhã, foi o dia em que eu fui escolhida para ir junto com eles para cuidar dos feridos. Na verdade eu não fui escolhida eu pedi para ir.
Quando os soldados estavam na guerra, eu estava com o meu terço na mão pedindo a Deus para que nada acontecesse com Leonard, mas nada adiantou, eu acho que era destino dele. O primeiro soldado que chegou à tenda montada no local da batalha foi Leonard, ele estava junto com mais dois soldados que o estavam carregando. Eu juro que tentei fazer de tudo, mas não adiantava nada, ele tinha levado dois tiros, um no coração e um na perna, não sei nem como ele conseguiu chegar até a tenda, ele estava muito mal.

...


Ele não morreu simplesmente na minha frente, ele morreu em meus braços. Não sei por quê, mas ele pelo menos para mim virou herói, ele morreu dois dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial, ele ajudou a derrotar os nazistas. Até hoje eu nunca me esqueci dele, mesmo tendo casado com outra pessoa, ele foi meu primeiro amor, e ele nunca descobriu que eu o amava.

3 comentários:

  1. Ai, gente, que triste T.T

    Vim aqui já algumas vezes e ficava bizoiando uns trechos e, até então, não sabia que era narrado por uma mulher, pois tudo o que eu lia era sobre sentimentos. Fiquei feliz, antes, por ter achado que o conto era narrado por alguém sem gênero, alguém que o leitor pudesse escolher se era homem ou mulher. Mas daí acabei lendo o conto inteiro sob a perspectiva feminina e isso meio que "acabou" com o que eu esperava da história. Enfim, coisa da minha cabeça. É que eu acho muito legal escritores que têm mente aberta e aceitam todos os tipos de amores.

    Ainda assim, preciso dizer que gostei demais do conto, mesmo sob a perspectiva feminina. Achei-o singelo e muito emocionante. A última frase é destruidora de corações, por favor. Fiquei aqui berrando dentro da minha cabeça pra essa mulher: "Ô moça, tinha que ter falado pra ele!". Mas reconheço que muitos amores não têm a chance nem de vingar direito por medo e tal e coisa. Que essa moça tenha coragem da próxima vez! Coragem, moça! :D

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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  2. Ficou muito bom esse texto, um pouco triste mais bom :D

    http://perdidoemlivros.blogspot.com.br/

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  3. Que bacana, gostei muito. Você descreve muito bem e sabe colocar sentimentos. Eu não consigo trazer o imaginário, assim como vc fez. Não sei se conseguiria narrar como se eu fosse um homem. De qualquer forma o texto tá muito bom. Continue assim que vc vai conseguir muito mais. Estou torcendo por você! ♥

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